Essa taxa de sucesso depende muito das condições a que os ductos deferentes ficam submetidos após a realização da vasectomia. Com o tempo, uma certa fibrose se instala em todo o canal do deferente, podendo provocar obstruções em diferentes outros pontos do canal, e não somente na região onde foi realizada a secção e ligadura deferencial, tornando a obstrução mantida, mesmo com a recanalização.

Porém, somente o sucesso da cirurgia de reversão não é garantia da capacidade de engravidar de um casal. Antes de proceder com o procedimento cirúrgico, é necessária a avaliação da parceira e de sua fertilidade. Portanto, para a definição de realizar uma cirurgia complexa como essa, a comunicação entre o urologista do homem e o ginecologista da parceira é fundamental. Nos casos de mulheres em idade limítrofe (40 anos) ou fertilidade limítrofe, por vezes a realização de fertilização in vitro, com punção do testículo do homem para obtenção de espermatozoides, pode ser uma opção mais viável e eficaz.

Uma vez que a decisão de realizar o procedimento já foi tomada, segue-se com a realização de exames laboratoriais pré-operatórios, bem como perfil hormonal do paciente, para a avaliação de viabilidade da possível fertilidade. O urologista com experiência em microcirurgia e em cirurgia robótica tem a capacidade para a realização do procedimento.

Como é realizada a cirurgia?

A teoria da cirurgia é bem simples! Deve-se proceder com a ressecção das pontas dos deferentes que haviam sido ligados e reconectar as 2 extremidades dos “caninhos” que conduzem os espermatozoides. A dificuldade reside em realizar o procedimento cirúrgico em dois “caninhos” mais finos do que a espessura de um fio de carregador de celular, mantendo desobstruído o seu interior que tem um diâmetro de cerca de 1 milímetro. Para isso usamos fios mais finos que cabelos humanos e fazermos pontos (no mínimo 6) ao redor do “caninhos”, para juntar suas extremidades, e é por isso que precisa do uso de microscópio ou do robô para sucesso da cirurgia.

Para se acessar os ductos deferentes, realizam-se incisões de cerca de 2 cm nas regiões de cada lado da bolsa escrotal e se expõe os cotos dos deferentes, para realizar a anastomose (recanalização).

O pós-operatório é um pouco mais delicado que o da vasectomia, com necessidade de restrição de esforço físico e de movimentação até a cicatrização dos deferentes, que ocorre após cerca de 15 a 30 dias, a depender de cada caso.